Uma tecnologia que combina propriedades biológicas de vidros bioativos com propriedades da magnetita está sendo proposta pela Universidade Federal de São Carlos para o tratamento e diagnóstico de câncer por hipertermia.
Através de etapas simples de processamento – como fusão dos vidros precursores, moagem, adição de magnetita e sinterização das pastilhas – o processo foi desenvolvido no Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) e Departamento de Física (DF) da UFSCar, pelos pesquisadores Edgar Dutra Zanotto, Martha Liliana Velasco Velasco, Marina Trevelin Souza, Murilo Camuri Crovace, Oscar Peitl Filho, Adilson Jesus Aparecido de Oliveira, Alexandre José Gualdi e Korllvary Rhanddy Charles Parra Jimenez.
A patente “Processo de obtenção de compósito bioativo e magnetocalórico para o tratamento de tumores por hipertermia e produto obtido” refere-se a um processo de compósito bioativo e magnetocalórico para o tratamento de tumores, cuja capacidade de resposta térmica necessária à técnica de hipertermia, eleva a temperatura do meio – na faixa de 5 a 15°C – quando exposto a um campo externo, além de efeito magnetoestrictivo, o que possibilita a geração de estímulos mecânicos ao tecido circundante após implantado. A combinação das propriedades bioativas do vidro F18 ou do biosilicato e da magnetita torna o compósito um material promissor no tratamento do câncer, em especial o câncer ósseo, por meio da técnica de hipertermia por indução magnética.
Considerando que o câncer é uma das enfermidades mais dominantes e dramáticas na atualidade, e uma das áreas de maior atenção da bioengenharia, a idéia da patente surgiu como possível solução no tratamento da doença, sendo que a técnica de hipertermia com o desenvolvimento e uso de partículas magnéticas torna-se relevante a partir de materiais de diferentes formas e tamanhos, tanto para o tratamento da doença como para seu diagnóstico. Assim, as características da patente estimularam a investigação de materiais com resistências mecânicas, térmicas e magnéticas, que oferecem melhores respostas durante o tratamento, além de serem considerados métodos menos invasivos.
Levando cerca de dois anos para ser desenvolvida – fruto da pesquisa de mestrado de Martha Liliana Velasco no Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar –, o diferencial desta tecnologia se refere ao potencial inovador do compósito, não somente em virtude do processo de obtenção, que é muito mais simples do que os existentes, mas, também, pela base do material, que é de vidro.
De acordo com a inventora Martha Velasco, os pesquisadores buscaram desenvolver um compósito a base de vidro bioativo e magnetita, para aplicação em tratamentos de câncer ósseo por meio da técnica de hipertermia, levando a resultados ainda mais promissores. Durante a caracterização magnética foi evidenciado, por exemplo, o efeito magnetoestrictivo no material, estreitamente relacionado com o campo coercivo e a forma do circuito – fenômenos cooperativos capazes de promover a regeneração óssea. “Obtivemos um compósito com ropriedades bioativas e magnéticas por meio de uma rota mais simples do que as já conhecidas, mas junto a isso, apresentamos um comportamento magnetoestrictivo absolutamente vantajoso para promover a regeneração óssea”, explicou Velasco. Atualmente, a tecnologia ainda não está disponível no mercado porque os pesquisadores buscam a realização de testes in vivo.
FONTE: http://inovacao.ufscar.br/vitrine-de-tecnologia/8748-composito-bioativo-e-magnetocalorico-para-o-
tratamento-de-cancer